As atividades humanas são grandes responsáveis pelas mudanças climáticas globais. E a maior parte dessas atividades, que contribui para o aquecimento global, ocorre nas áreas urbanas, nas cidades, onde vive grande parte da população. Dentre elas, destaca-se a queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão) para geração de energia, transporte e atividades industriais. A geração de resíduos sólidos e de esgoto também contribui para o aquecimento do planeta, bem como o desmatamento de florestas. Ao mesmo tempo em que contribuem para o problema, as cidades são as áreas que mais sentem os efeitos das mudanças climáticas globais.
Efeitos das mudanças climáticas nas cidades
A temperatura média global está aumentando, mas esse não é o único efeito das mudanças climáticas. As principais consequências nas cidades são o aumento do nível do mar; e eventos extremos de precipitação, de calor e seca.
O aumento do nível do mar impacta diretamente as cidades costeiras, consideradas as áreas de maiores riscos no mundo e as mais afetadas pelas mudanças climáticas. Essas áreas podem ficar alagadas, ameaçando vidas humanas, a infraestrutura física das cidades (estruturas residenciais e comerciais, os sistemas de transporte, de energia e de água e saneamento), a economia (indústria e comércio, turismo e seguro), a saúde pública e importantes ecossistemas dessas regiões.
Os eventos extremos de precipitação são definidos como a porcentagem de dias com chuva que excede um limite fixo ou regional, comparado com a média do período de referência de chuva entre 1961 e 1990. Esses eventos têm efeitos econômicos e sociais para as cidades através de danos às infraestruturas urbanas, enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos.
As inundações estão entre os desastres mais caros e prejudiciais, tornando-se um problema crítico para as cidades, na medida em que aumentam em frequência e gravidade, tendência que deve continuar na América Latina e em outros lugares. Dentre os prejuízos causados pelas inundações estão a perda de vidas humanas, danos materiais, interrupção da distribuição e transmissão de energia, interrupção dos sistemas de transporte, contaminação de fontes de água e estações de tratamento, movimentação de lixo, resíduos e poluentes, e propagação de doenças transmitidas pela água.
Também decorrentes dos eventos extremos de precipitação, os deslizamentos referem-se a uma massa de material – rocha, terra ou destroços – que desliza por uma encosta, por ação da gravidade. Esse movimento é rápido e auxiliado pela água, quando o material está encharcado. Os riscos de deslizamento nas cidades tendem a crescer com o desenvolvimento urbano em áreas marginais e de risco. O aumento na frequência de deslizamentos tem uma variedade de impactos diretos e indiretos nas áreas urbanas: perda de vidas humanas e prejuízos de infraestrutura. No Brasil, os deslizamentos de terra são a maior causa de mortes por desastres naturais (60%), seguidos por enchentes.
Outra decorrência das mudanças climáticas são os eventos extremos de calor, que tendem a ficar mais frequentes, intensos e duradouros. Os impactos desses eventos são prejudiciais à saúde humana, podendo também aumentar o consumo de água e energia, devido ao maior uso de ar condicionado e outros expedientes para amenizar a temperatura. As secas também afetam as áreas urbanas de diferentes formas. Além de aumentarem as chances de estresse hídrico (falta de água), podem comprometer a qualidade da água e encarecer os custos operacionais dos sistemas de abastecimento de água e, ao mesmo tempo, reduzir sua confiabilidade.
Outro efeito que gera preocupação é a grande proliferação de vírus, fungos e bactérias, por conta da diminuição da qualidade do ar e das águas e do aumento das temperaturas. Esses organismos são veiculadores de alergias e inúmeras doenças infectocontagiosas.
Ações locais para combater as mudanças climáticas globais
Com os riscos cada vez mais intensos e frequentes das mudanças climáticas, as cidades não têm outra opção senão responder a eles.
Há dois tipos de estratégias em relação às mudanças climáticas:
- Mitigação: ações que reduzem as emissões de poluentes (gases de efeito estufa), que contribuem para o agravamento das mudanças climáticas.
- Adaptação: ações voltadas ao enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas.
Como diminuir as emissões de poluentes que agravam as mudanças climáticas?
Há diversas ações que contribuem para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa, em vários setores de atividades humanas nas cidades. Esses são alguns exemplos do que os cidadãos e os governantes podem fazer:
Setor de atividade |
Ações de mitigação |
Construção |
|
Infraestrutura das cidades |
|
Transporte |
|
Preservação ambiental |
|
Consumo |
|
Efeito das mudanças climáticas |
Ações de adaptação |
Seca e diminuição de chuvas |
|
Chuvas intensas |
|
Elevação do nível do mar |
|
Doenças |
|
Somos parte do problema e parte da solução
Como vimos, há diversas ações que podemos tomar individualmente e que podem contribuir para enfrentar o problema das mudanças climáticas. Todos os segmentos da sociedade, como o governo, a iniciativa privada, as universidades, as instituições de pesquisa e as organizações da sociedade civil têm um papel fundamental nesse processo.
Como seres humanos, temos a capacidade de reconhecer os problemas, entendê-los e desenvolver soluções. As próximas páginas da história da nossa civilização vão depender da nossa consciência coletiva e da capacidade de tornar nossa existência compatível com as capacidades de resposta do planeta aos impactos provocados pelas atividades necessárias a nossa sobrevivência.